Na trilha da contra-hegemonia da engenharia no Brasil: da engenharia e desenvolvimento social à engenharia popular
Palavras-chave:
engenharia, desenvolvimento social, engenharia popular, extensão universitáriaResumo
Este trabalho se insere na perspectiva da engenharia que busca colocar o desenvolvimento científico e tecnológico a serviço dos mais pobres. Trata-se aqui, então, de um dos distintos ramos da engenharia engajada de John Bernhard Kleba. No artigo, analisa-se a conformação do campo da engenharia e desenvolvimento social (EDS), a partir de 2003, no contexto de uma administração progressista no Executivo Federal brasileiro. Em um claro projeto de expansão universitária, esse governo criou políticas públicas de incentivo à extensão, à economia solidária e à tecnologia social, que potencializaram o surgimento e o fortalecimento do campo. Metodologicamente, o artigo combina análise de documentos com observação participante dos Encontros Nacionais e Regionais de Engenharia e Desenvolvimento Social (ENEDS e EREDS). Como principais conclusões, destaca-se a consolidação do campo EDS na engenharia e a sua progressiva transformação ao longo do tempo, que culminará com a criação da Rede de Engenharia Popular Oswaldo Sevá. Essa transformação é evidenciada pela aproximação com movimentos sociais, que passam a estar presentes nos ENEDS e EREDS, e evidencia um novo horizonte para o campo, que se distancia de uma ideia de desenvolvimento sem sujeitos concretos, aproximando-se do ideal de construção de alternativas sociotécnicas com as classes populares.
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