A vida exterior do Prozac
Depressão e tecnociência
Palavras-chave:
depressão, antidepressivos, serotonina, psicotrópicos, tecnociênciaResumo
As últimas décadas do século XX transformaram profundamente a nossa experiência e compreensão do terreno afetivo; em termos de sentimentos negativos, um ponto-chave foi o surgimento da categoria da depressão. Neste artigo, examina-se uma parte da essa história para defender que a depressão pode ser entendida como uma categoria da tecnociência, explorando por seu turno os problemas epistemológicos e políticos que isso implica. Para analisar o papel desempenhado pelo desenvolvimento, mercantilização e consumo de antidepressivos na expansão da categoria diagnóstica da depressão, o artigo propõe-se trabalhar com a ideia de uma “vida externa” das pílulas. Esta noção procura reunir, por um lado, uma consideração da circulação mercantilizada e sociocultural dos antidepressivos e, por outro, uma ênfase nos seus efeitos materiais, entendidos, no entanto, como inseparáveis dessa circulação. Com uma abordagem crítica e interdisciplinar, o artigo recupera contributos e debates dos novos materialismos e dos estudos da ciência para intervir nas controvérsias sobre a depressão e os antidepressivos, realçando sobretudo a inseparabilidade da biologia e da política nas discussões contemporâneas sobre o mal-estar e os seus tratamentos.
Downloads
Referências
Aftab, A. (2022). The Case for Antidepressants in 2022. Psychiatry at the Margins. Recuperado de: awaisaftab.substack.com/p/the-case-forantidepressants-in-2022.
Appadurai, A. (1991). La vida social de las cosas. Perspectiva cultural de las Mercancías. México: Grijalbo.
Barad, K. (2008). Posthumanist Performativity: Toward an Understanding of How Matter Comes to Matter. En S. Alaimo & S. J. Hekman (Eds.), Material Feminisms. Bloomington: Indiana University Press.
Becker, H. (2016). Cómo fumar marihuana y tener un buen viaje. Una mirada sociológica. Buenos Aires: Siglo XXI.
Bennett, J. (2022). Materia vibrante. Una ecología política de las cosas. Buenos Aires: Caja Negra.
Cecchi, H. (2001). Una noticia para comerse las uñas. Página/12, 16 de agosto. Recuperado de: https://www.pagina12.com.ar/2001/01-08/01-08-16/pag19.htm
Clarke, A. E., Mamo, L., Fishman, J. R., Shim, J. K. & Fosket, J. R. (2003). Biomedicalization: Technoscientific Transformations of Health, Illness, and U.S. Biomedicine. American Sociological Review, 68(2), 161.
Cuthbertson, C. (2015). Pharmaceutical Technologies and the Management of Biological Citizens in Chile. En S. E. Bell & A. E. Figert (Eds.), Reimagining (Bio)medicalization, Pharmaceuticals and Genetics. Old Critiques and New Engagements. Nueva York: Routledge.
Cvetkovich, A. (2012). Depression. A Public Feeling. Durham & Londres: Duke University Press.
Dumit, J. (2000). When Explanations Rest: “Good-enough” Brain Science and the New Socio-medical Disorders. En M. Lock, A. Young & A. Cambrosio (Eds.), Living and Working with the New Medical Technologies (209-232). Cambridge: Cambridge University Press.
Dumit, J. (2003). Is It Me or My Brain? Depression and Neuroscientific Facts. Journal of Medical Humanities, 24(1/2), 35-47.
Dumit, J. (2004). Picturing Personhood. Brain Scans and Biomedical Identity. Princeton: Princeton University Press.
Dupré, J. (2002). Human Nature and the Limits of Science. Oxford: Oxford University Press.
Foucault, M. (1996). La vida de los hombres infames. Ensayos sobre desviación y dominación. Buenos Aires: Altamira.
France, C. M., Lysaker, P. H. & Robinson, R. P. (2007). The “Chemical Imbalance” Explanation for Depression: Origins, Lay Endorsement, and Clinical Implications. Professional Psychology: Research and Practice, 38(4), 411-420.
Fraser, M. (2001). The Nature of Prozac. History of the Human Sciences, 14(3), 56-84.
Fraser, M. (2003). Material Theory: Duration and the Serotonin Hypothesis of Depression. Theory, Culture & Society, 20(5), 1-26.
Gardner, P. (2003). Distorted Packaging: Marketing Depression as Illness, Drugs as Cure. Journal of Medical Humanities, 24(1/2), 105-130.
Gill-Peterson, J. (2016). Neurofeminism. En V. Pitts-Taylor (Ed.), Mattering (188-203). Nueva York: New York University Press.
Haraway, D. J. (1995). Ciencia, cyborgs y mujeres. Madrid: Cátedra.
Haraway, D. J. (2021). Testigo_Modesto@Segundo_Milenio. HombreHembra©_Conoce_OncoRata®. Feminismo y tecnociencia. Buenos Aires: Rara Avis.
Harrington, A. (2019). Mind Fixers. Psychiatry’s Troubled Search for the Biology of Mentall Illness. Nueva York: W. W. Norton.
Healy, D. (1997). The Antidepressant Era. Cambridge: Harvard University Press.
Hengartner, M. P. & Plöderl, M. (2018). Statistically Significant Antidepressant-Placebo Differences on Subjective Symptom-Rating Scales Do Not Prove That the Drugs Work: Effect Size and Method Bias Matter! Frontiers in Psychiatry, 9.
Hirshbein, L. D. (2009). American Melancholy. Constructions of Depression in the Twentieth Century. Nueva Brunswick & Londres: Rutgers University Press.
Karp, D. A. (2017). Speaking of Sadness. Depression, Disconnection, and the Meanings of Illness. Oxford: Oxford University Press.
Kramer, P. D. (1994). Escuchando al Prozac. Un psiquiatra explora el campo de los antidepresivos. Barcelona: Seix Barral.
Kramer, P. D. (2006). Contra la depresión. Barcelona: Seix Barral.
Lacasse, J. R. & Leo, J. (2005). Serotonin and Depression: A Disconnect between the Advertisements and the Scientific Literature. PLoS Medicine, 2(12), e392.
Lakoff, A. (2005). Pharmaceutical Reason. Knowledge and Value in Global Psychiatry. Cambridge: Cambridge University Press.
Latour, B. (2022). Pasteur: Guerra y paz de los microbios, seguido de Irreducciones. Buenos Aires: Isla Desierta.
Lewis, B. (2006). Moving Beyond Prozac, DSM, & the New Psychiatry. The Birth of Postpsychiatry. Ann Arbor: University of Michigan Press.
Morozov, E. (2015). La locura del solucionismo tecnológico. Madrid & Buenos Aires: Katz.
Pignarre, P. (2012). Comment la dépression est devenue une épidémie. París: La Découverte.
Rose, N. (2012). Políticas de la vida. Biomedicina, poder y subjetividad en el siglo XXI. Buenos Aires: UNIPE.
Rose, N. & Abi-Rached, J. M. (2013). Neuro. The New Brain Sciences and the Management of the Mind. Princeton: Princeton University Press.
Sadowsky, J. H. (2021). The Empire of Depression. A New History. Cambridge: Polity.
Sánchez, A. (2021). Fármaco. Buenos Aires: Odelia.
Slaby, J. & Gallagher, S. (2015). Critical Neuroscience and Socially Extended Minds. Theory, Culture & Society, 32(1), 33-59.
Solana, M. (2017). “Relatos sobre el surgimiento del giro afectivo y el nuevo materialismo: ¿está agotado el giro lingüístico?”. Cuadernos de Filosofía, 69, 87-103.
Time (1952). Medicine: TB and Hope. Time, 3 de marzo. Recuperado de: https://content.time.com/time/subscriber/article/0,33009,890255,00.html.
Vidal, F. & Ortega, F. (2012). Are there Neural Correlates of Depression? En S. Choudhury & J. Slaby (Eds.), Critical Neuroscience. A Handbook of the Social and Cultural Contexts of Neuroscience. Chichester: Wiley Blackwell.
Wilson, E. A. (2021). Feminismo de las tripas. Buenos Aires: Club Hem.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 CC Attribution 4.0
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Todas os números de CTS e seus artigos individuais estão sob uma licença CC-BY.
Desde 2007, a CTS proporciona acesso livre, aberto e gratuito a todos seus conteúdos, incluídos o arquivo completo da edição quadrimestral e os diversos produtos apresentados na plataforma eletrônica. Esta decisão é baseada no entendimento de que fornecer acesso livre aos materiais publicados ajuda a ter uma maior e melhor troca de conhecimentos.
Por sua vez, em se tratando da edição quadrimestral, a revista permite aos repositórios institucionais e temáticos, bem como aos sites pessoais, o autoarquivo dos artigos na versão post-print ou versão editorial, logo após da publicação da versão definitiva de cada número e sob a condição de incorporar ao autoarquivo um link direcionado à fonte original.