Comunicação científica sobre nanotecnologia na mídia brasileira
Palavras-chave:
comunicação da ciência, mídia, nanotecnologia, políticas públicasResumo
Este artigo examina a comunicação sobre nanotecnologia em mídias brasileiras que respondem a interesses e valores de grupos sociais diferentes, e indaga sobre quais são os modelos de comunicação utilizados e os conteúdos abordados. Foram analisadas três diferentes mídias: as seções de ciência do programa de TV aberta Bom Dia Brasil e do jornal Folha de S. Paulo, e uma amostra não aleatória dos programas Nanotecnologia do Avesso, programa de entrevistas em web TV. O período de análise foi estabelecido entre 2008 e 2010, período que segue os quatro anos mais bem financiados da política brasileira de nanotecnologia, após o lançamento de um programa nacional para a área em 2004. A abordagem metodológica foi a análise de conteúdo quantitativa e qualitativa. O estudo concluiu que a comunicação da nanotecnologia na mídia brasileira é caracterizada por tensões e polarizações. Por um lado, a mídia convencional apoia a estabilização da nanotecnologia e enfatiza seu potencial de inovação com discursos baseados em modelos lineares. Por outro lado, a mídia alternativa expõe a instabilidade da nanotecnologia, acentuando seus riscos com discursos distópicos e destacando a necessidade de aplicação do princípio da precaução e o estabelecimento de regulação.Downloads
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