Engenheiro educador: experiências brasileiras de formação do perfil técnico capaz de praticar engenharia popular

Autores

  • Cristiano Cordeiro Cruz Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

engenheiro educador, engenharia popular, tecnologia social, formação em engenharia

Resumo

Apropriando-se de Paulo Freire, parece possível dar um passo que ele nunca deu e dizer que o perfil do engenheiro educador, ou seja, do/a profissional capaz de praticar engenharia popular, produzindo tecnologia social, demandaria quatro habilidades não técnicas principais: empatia, capacidade de diálogo, censo crítico e abertura para aprender continuamente. Neste artigo, apresentamos o resultado preliminar de um estudo conduzido por seu autor, com respeito a iniciativas para se promover uma tal formação nos cursos de engenharia do Brasil. Elas se agrupariam em dois conjuntos principais: extensões formativas (núcleos de extensão e estágios interdisciplinares de vivência) e propostas de ensino (metodologia pedagógica, disciplinas CTS e estrutura curricular; estágio curricular de vivência; e projetos universitários alternativos). Uma análise inicial dessas iniciativas ajuda-nos a enxergar tanto as fortalezas e fragilidades de cada uma no que concerne à formação para a engenharia popular, quanto as disputas políticas para conseguir implementá-las ou avançá-las.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Cristiano Cordeiro Cruz, Universidade de São Paulo

Pesquisador de pós-doutorado em filosofia na Universidade de São Paulo. Membro da Rede de Engenharia Popular Osvaldo Sevá (Repos).

Referências

ADDOR, F. e HENRIQUES, F. C. (2015): Tecnologia, participação e território – reflexões a partir da prática extensionista, Rio de Janeiro, Editora UFRJ/ Faperj.

ADDOR, F. (2015): “A construção de um espaço contra-hegemônico na engenharia: o Encontro Nacional de Engenharia e Desenvolvimento Social (Eneds)”, em F. Addor e S. Lianza (org.): Percursos na extensão universitária – saindo da torre de marfim, Editora UFRJ/ FAPERJ, pp. 57-71.

BARBOSA FILHO, A., FREJ, N. y NETO, R. (2005): A formação social do engenheiro de produção na UFPE: relatos de experiências bem-sucedidas, II ENEDS – Rio de Janeiro – 16-17/set/2005.

CARVALHO, F. e MOREIRA, A. (2009): “Diretrizes curriculares para os cursos de engenharia: um aprimoramento”, VI ENEDS, Campinas, 17-18/set/2009.

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (2002): Resolução CNE/CES 11/02,

aprovado em 11 de março de 2002, Brasilia, Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Engenharia.

CRUZ, C (2017a): Tecnologia social: fundamentações, desafios, urgência e legitimidade, tese doutorado, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Departamento de Filosofia, Universidade de São Paulo.

CRUZ, C (2017b): “Reflecting on Brazilian Popular [Grassroots] Engineering”, 20th Biannual Conference of the Society for Philosophy and Technology, Darmstadt.

DWEK, M. (2010): “A atuação do engenheiro frente às tensões entre ciência, tecnologia e sociedade”, VII ENEDS, Teófilo Otoni, 23-24/set/2010.

DWEK, M. (2011) “A tenacidade da fantasia: propostas para a renovação da formação em engenharia”, VIII ENEDS, Ouro Preto, 19-21/set/2011.

FELIZARDO, A., SANTOS, A., NASCIMENTO, W., REIS, A. e MELO, A. (2015): “Adoção da abordagem sistêmica para a compreensão do estabelecimento agrícola familiar em microbioma amazônico de várzea: reflexões com base na imersão no meio rural”, XII ENEDS, Salvador, 12-15/ago/2015.

FEENBERG, A. (1999): Questioning Technology, New York, Routledge.

FEENBERG, A. (2002): Transforming Technology: a critical theory revisited, New York, Oxford University Press.

FEENBERG, A. (2010): Between Reason and Experience: Essays in Technology and Modernity. MIT Press.

FRAGA, L., SILVEIRA, R. e VASCONCELLOS, B. (2008): “O engenheiro educador”, II Congresso da Rede de ITCPs: Economia Solidária e a Política e a Política da Economia Solidária, São Paulo, USP.

FRAGA, L., ALVEAR, C. e CRUZ, C. (2019): "Na trilha da contra-hegemonia da engenharia no Brasil: da Engenharia e Desenvolvimento Social à Engenharia Popular", Revista Iberoamericana de Ciencia, Tecnología y Sociedad - CTS, no prelo.

FREIRE, P. (1983 [1968]): Extensão ou comunicação?, Rio de Janeiro, Terra e Paz.

FREIRE, P. (1987 [1970]): Pedagogia do Oprimido, Rio de Janeiro, Terra e Paz.

HADDAD, A e BARROS, R. (2003): “Adequação curricular face às diretrizes curriculares para a engenharia”, XXXI COBENGE, Rio de Janeiro, 14-17/set/2003.

INSTITUTO DE TECNOLOGIA SOCIAL (2004): “Tecnologia Social no Brasil: direito à ciência e ciência para cidadania”, Caderno de Debate, São Paulo, ITS.

INSTITUTO DE TECNOLOGIA SOCIAL (2007): “Tecnologia Social”, Caderno Conhecimento e Cidadania, São Paulo, ITS.

KLEBA, J. (2017): “Engenharia engajada – desafios de ensino e extensão”, Revista Tecnologia e Sociedade, Curitiba, vol. 13, n° 27, pp. 172-189.

KUEHN, A. e BAZZO, W. (2004): “O que queremos da educação tecnológica?”, XXXII COBENGE, Brasília, 14-17/set/2004.

KUHN, T. (2006 [1962]): A estrutura das revoluções científicas, São Paulo, Perspectiva.

LIANZA, S., ADDOR, F., LOPES, V., CARVALHO, V. e NEPOMUCENO, V. (2015): “Saindo do casulo – a história da pesquisa-ação na cadeia produtiva da pesca (Papesca/UFRJ)”, em F. Addor e S. Lianza (org.): Percursos na extensão universitária – saindo da torre de marfim, Rio de Janeiro, Editora UFRJ/ FAPERJ, pp. 75-95.

LIANZA, S., BORGES, H., ADDOR, F. e THIOLLENT, J. (2015b): “Gestão de projetos solidários: o coração do Soltec”, em F. Addor e S. Lianza (org.): Percursos na extensão universitária – saindo da torre de marfim, Rio de Janeiro, Editora UFRJ/FAPERJ, pp. 21-36.

LIANZA, S., SILVA, V., MOLINETE, M., GONÇALVES, M., CASTRO, C. e NUNES, V. (2015c): “A práxis da Papesca/URFJ em sua disciplina de extensão”, em F. Addor (org.): Extensão e políticas públicas: o agir integrado para o desenvolvimento social, Rio de Janeiro, Editora UFRJ/FAPERJ, pp. 195-210.

LINSINGEN, I., BAZZO, W. e PEREIRA, L. (2003): Educação tecnológica no contexto da inovação social, XXXI COBENGE, Rio de Janeiro – 14-17/set/2003.

LINSINGEN, I. (2015): “Perspectivas curriculares CTS para o ensino de engenharia: uma proposta de formação universitária”, Linhas Críticas, vol. 21, n° 45, pp. 297-317.

MAIA, V., ALVES, L., MARTINS, L. e FREIRE, J. (2011): “Estágio interdisciplinar de vivência: troca de saberes entre os movimentos sociais e o movimento estudantil”, VIII ENEDS, Ouro Preto, 19-21/set/2011.

MENESTRINA, T. e BAZZO, W. (2004): “Alternativas para a formação do engenheiro: as concepções de ciência, tecnologia e sociedade (CTS)”, XXXII COBENGE, Brasília, 14-17/set/2004.

MOTTA, P. e SILVA, D. (2008): Relato de estágio interdisciplinar de vivência – experiência prática e teórica da realidade rural brasileira, Universidade Federal de Santa Catarina.

NASCIMENTO, I., ARRAIS, E., XENOFONTE, J. e CANUTO, F. (2015): “Da educação superior tradicional ao ensino contextualizado: algumas lições da universidade federal do cariri para o desenvolvimento territorial do semiárido brasileiro”, XII ENEDS, Salvador, 12-15/ago/2015.

ROSARIO, L., FREITAS, H., MATOS, C., MARQUES, R. e REIS, A. (2014): “Estágio de vivência dos discentes do curso de engenharia agronômica do IFPA campus Castanhal em comunidades ribeirinhas na Amazônia paraense”, XI ENEDS, Castanhal, 24-26/set/2014.

RUFINO, S., FILHO, W., SANTOS, F., GOMES, P. e ARAUJO, F. (2013):

“Transcendendo os conhecimentos tradicionais na formação de engenheiros: as experiências e estratégias na UFOP”, X ENEDS, Rio de Janeiro, 10-13/set/2013.

SILVA, S., SILVA, L. e EID, F. (2014): “Experiência da Atuação do Engenheiro Agrônomo na Extensão: da formação convencional à extensão rural”, XI ENEDS, Castanhal, 24-26/set/2014.

SOUSA, C. e GOMES, G. (2009): “A importância do enfoque CTS na graduação de engenheiros e tecnólogos”, VI ENEDS, Campinas, 17-18/set/2009.

TRENNEPHOL, A. (2014): “Os limites do currículo e os problemas de uma formação tecnicista”, XI ENEDS, Castanhal, 24-26/set/2014.

Downloads

Publicado

2019-02-19

Como Citar

Cordeiro Cruz, C. (2019). Engenheiro educador: experiências brasileiras de formação do perfil técnico capaz de praticar engenharia popular. Revista Iberoamericana De Ciencia, Tecnología Y Sociedad - CTS, 14(40). Recuperado de https://ojs.revistacts.net/index.php/CTS/article/view/95

Edição

Seção

Artigos