Primeiro online

Ciência aberta na América Latina

Propostas de adaptação crítica frente às assimetrias globais

Autores

Palavras-chave:

acesso aberto, estudos decoloniais, Alberto Guerreiro Ramos, ciência, tecnologia e sociedade (CTS), ciência aberta

Resumo

Este artigo propõe uma análise crítica da ciência aberta a partir da redução sociológica de Alberto Guerreiro Ramos, como ferramenta para pensar sua apropriação nos contextos periféricos da América Latina. A primeira seção apresenta uma revisão da literatura que problematiza a implementação acrítica da ciência aberta na região, apontando riscos como a exploração cognitiva, a ampliação de assimetrias globais e a integração subordinada ao sistema científico internacional. Em seguida, revisamos a teoria da redução sociológica, discutindo sua atualidade para orientar práticas científicas mais soberanas e comprometidas com as demandas locais. Na seção de análise, aplicamos o método a duas formulações centrais de ciência aberta — a da Comissão Europeia e a da UNESCO. A partir dessa redução, propomos diretrizes para pensar uma "ciência aberta reduzida", orientada por princípios como acesso aberto negociado, ciência cidadã com impacto socioeconômico, governança descentralizada dos dados e integração com estratégias de desenvolvimento regional. Por fim, discutimos limites da abordagem e sugerimos caminhos para futuras investigações para a construção de uma ciência aberta comprometida com a superação das desigualdades científicas globais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Bruno Nogueira Galvão Pereira, Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão em Neuromatemática

Pesquisador e bolsista de jornalismo científico do Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão em Neuromatemática (CEPID NeuroMat), Brasil.

Referências

Abadal, E. & Anglada, L. (2020). Ciencia abierta: cómo han evolucionado la denominación y el concepto. Anales de Documentación, 23(1), 1-11. DOI: https://doi.org/10.6018/analesdoc.378171.

Aguado-López, E. & Arbeláez, E. J. V. (2016). Reapropiación del conocimiento y descolonización: el acceso abierto como proceso de acción política del sur. Revista Colombiana de Sociología, 39(2), 69-88. DOI: https://doi.org/10.15446/rcs.v39n2.58966.

Aguirre-Ligüera, N., Fontans-Álvarez, E., Maldini, J. & Lucas, E. R. de O. (2023). Cenário da produção científica latino-americana sobre ciência aberta. XXIII Encontro Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação. Disponível em: https://ancib.org/enancib/index.php/enancib/xxxiiienancib/paper/view/1794.

Albagli, S. (2015). Ciência aberta em questão. Em S. Albagli, M. L. Maciel, & A. H. Abdo (Orgs.), Ciência aberta, questões abertas (9-25). Brasília & Rio de Janeiro: IBICT & Unirio. DOI: https://doi.org/10.18225/978-85-7013-109-6.9-25.

Albagli, S., Clinio, A. & Raychtock, S. (2014). Ciência Aberta: correntes interpretativas e tipos de ação. Liinc em Revista, 10(2). DOI: https://doi.org/10.18617/liinc.v10i2.749.

Babini, D. & Rovelli, L. (2020). Tendencias recientes en las políticas científicas de ciencia abierta y acceso abierto en Iberoamérica. Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales. CLACSO. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctv1gm02tq.

Bariani, E. (2015). Certidão de nascimento: a redução sociológica em seu contexto de publicação. Caderno CRH, 28(73), 15-25. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-49792015000100002.

Beigel, M. F. (2022). El proyecto de ciencia abierta en un mundo desigual. Relaciones Internacionales, 50, 163-181. DOI: https://doi.org/10.15366/relacionesinternacionales2022.50.008.

Bergue, S. T. & Klering, L. R. (2010). A redução sociológica no processo de transposição de tecnologias gerenciais. Organizações & Sociedade, 17(52), 137-155. DOI: https://doi.org/10.1590/S1984-92302010000100008.

Caballero-Rivero, A., Sánchez-Tarragó, N. & Santos, R. N. M. D. (2019). Práticas de Ciência Aberta da comunidade acadêmica brasileira: estudo a partir da produção científica. Transinformação, 31, e190029. DOI: https://doi.org/10.1590/2318-0889201931e190029.

Capelari, M. G. M., Afonso, Y. B. G. D. A. D. D. C. S. S. & Gonçalves, A. D. O. (2014). Alberto Guerreiro Ramos: Contribuições da redução sociológica para o campo científico da administração pública no Brasil. Revista de Administração Mackenzie, 15, 98-121. DOI: https://doi.org/10.1590/1678-69712014/administracao.v15n6p98-121.

Chan, L., Okune, A. & Sambuli, N. (2015). What is open and collaborative science and what roles could it play in development? Em S. Albagli, M. L. Maciel & A. H. Abdo (Orgs.). Open Science, open issues. Brasília & Rio de Janeiro: IBICT & Unirio. Disponível em: http://hdl.handle.net/1807/69838.

Clinio, A. (2019). Ciência Aberta na América Latina: duas perspectivas em disputa. Transinformação, 31, e190028. DOI: https://doi.org/10.1590/238180889201931e190028.

Comisión Europea (2016). Directorate General for Research and Innovation. (2016). Open innovation, open science, open to the world: a vision for Europe. Publications Office. DOI: http://www.doi.org/10.2777/061652.

Couto Corrêa da Silva, F., Stueber, K. & Carvalho-Segundo, W. R. de. (2025). Ciência Aberta no Brasil: conquistas e desafios. Porto Alegre & São Paulo: Editora Letra1 & SciELO. DOI: https://doi.org/10.5281/ZENODO.15149338.

Cristina-Silva, L. & Faria, L. (2024). Patenteamento e a Flora Endêmica no Bioma Amazônico. Revista Eletrônica Competências Digitais para Agricultura Familiar, 10(esp. 1), e1003207–e1003207. Disponível em: https://owl.tupa.unesp.br/recodaf/index.php/recodaf/article/view/207.

Delfanti, A. (2013). Biohackers: The Politics of Open Science. Londres: Pluto Press.

De Oliveira, T. M., Marques, F. P. J., Veloso Leão, A., De Albuquerque, A., Prado, J. L. A., Grohmann, R., Clinio, A., Cogo, D. & Guazina, L. S. (2021). Towards an Inclusive Agenda of Open Science for Communication Research: A Latin American approach. Journal of Communication, 71(5), 785–802. DOI: https://doi.org/10.1093/joc/jqab025.

Dutta, M., Ramasubramanian, S., Barrett, M., Elers, C., Sarwatay, D., Raghunath, P., Kaur, S., Dutta, D., Jayan, P., Rahman, M., Tallam, E., Roy, S., Falnikar, A., Johnson, G. M., Mandal, I., Dutta, U., Basnyat, I., Soriano, C., Pavarala, V., Zapata, D. et al. (2021). Decolonizing Open Science: Southern Interventions. Journal of Communication, 71(5), 803-826. DOI: https://doi.org/10.1093/joc/jqab027.

Fecher, B. & Friesike, S. (2013). Open Science: One Term, Five Schools of Thought. SSRN Scholarly Paper No. 2272036. DOI: https://doi.org/10.2139/ssrn.2272036.

Ferpozzi, H. (2017). What Is at Stake? Public Participation and the Co-Production of Open Scientific Knowledge. Em Expanding Perspectives on Open Science: Communities, Cultures and Diversity in Concepts and Practices (257-268). IOS Press. DOI: https://doi.org/10.3233/978-1-61499-769-6-257.

Filgueiras, F. de B. (2012). Guerreiro Ramos, a redução sociológica e o imaginário pós-colonial. Caderno CRH, 25, 347-363. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-49792012000200011.

Gibon, C. de A., Neubert, P. da S. & Dias, T. M. R. (2024). As publicações que analisam a produção científica sobre Ciência Aberta na América Latina: um levantamento bibliográfico. Revista Interamericana de Bibliotecología, 47(3). DOI: https://doi.org/10.17533/udea.rib.v47n3e356121.

Heinz, M. & Miranda, A. (2024). Ciência Aberta: argumentos e desafios para sua legitimação científica. Questão, 30, e-135618. DOI: https://doi.org/10.1590/1808-5245.30.135618.

Henning, P. C., Ribeiro, C. J. S., Da Silva Santos, L. O. B. & Dos Santos, P. X. (2019). GO FAIR e os princípios FAIR: o que representam para a expansão dos dados de pesquisa no âmbito da Ciência Aberta. Questão, 389-412. DOI: https://doi.org/10.19132/1808-5245252.389-412.

Jin, H., Wang, Q., Yang, Y.-F., Zhang, H., Gao, M. (Miranda), Jin, S., Chen, Y. (Sharon), Xu, T., Zheng, Y.-R., Chen, J., Xiao, Q., Yang, J., Wang, X., Geng, H., Ge, J., Wang, W.-W., Chen, X., Zhang, L., Zuo, X.-N. & Chuan-Peng, H. (2023). The Chinese Open Science Network (COSN): Building an Open Science Community From Scratch. Advances in Methods and Practices in Psychological Science, 6(1). DOI: https://doi.org/10.1177/25152459221144986.

Kreimer, P. (2006). ¿Dependientes o integrados? La ciencia latinoamericana y la nueva división internacional del trabajo. Nómadas. Recuperado de: https://repositorio.unal.edu.co/handle/unal/53503.

Leite, J. C. do P. (1983). Guerreiro Ramos e a importância do conceito da redução sociológica no desenvolvimento brasileiro. Revista de Administração Pública, 17(1), 77 a 83. Recuperado de: https://periodicos.fgv.br/rap/article/view/11295.

Marx, K. (2008). Contribuição à crítica da economia política. São Paulo: Expressão Popular.

Mirowski, P. (2018). The future(s) of open science. Social Studies of Science, 48(2), 171–203. DOI: https://doi.org/10.1177/0306312718772086.

Mwelwa, J., Boulton, G., Wafula, J. M. & Loucoubar, C. (2020). Developing Open Science in Africa: Barriers, Solutions and Opportunities. Data Science Journal, 19(1). DOI: https://doi.org/10.5334/dsj-2020-031.

Neylon, C. (2019). Research excellence is a neo-colonial agenda (and what might be done about it). Em E. Kraemer-Mbula, R. Tijssen, M. Wallace & R. McLean (Orgs), Transforming Research Excellence. Cape Town: African Minds.

OCDE (2011). OECD Science, Technology and Industry Scoreboard 2011. París: OCDE. DOI: https://doi.org/10.1787/sti_scoreboard-2011-en.

Okune, A., Hillyer, R., Albornoz, D., Posada, A. & Chan, L. (2018). Whose Infrastructure? Towards Inclusive and Collaborative Knowledge Infrastructures in Open Science. 22nd International Conference on Electronic Publishing. DOI: https://doi.org/10.4000/proceedings.elpub.2018.31.

Ramos, G. (2024). A redução sociológica. São Paulo: Editora Ubu.

Ross-Hellauer, T., Reichmann, S., Cole, N. L., Fessl, A., Klebel, T. & Pontika, N. (2022). Dynamics of cumulative advantage and threats to equity in open science: a scoping review. Royal Society Open Science, 9(1), 211032. DOI: https://doi.org/10.1098/rsos.211032.

Sánchez-Tarragó, N. (2020). Ciência aberta e acesso aberto para o Sul: perspectivas críticas e desafios. Em L. Moreira, J. Souza & G. Tanus (Orgs.), Informação na Sociedade Contemporânea. Florianópolis: Rocha Gráfica e Editora (Selo Nyota).

Santos, C. V. D. & Silva, F. M. E. (2023). Tecnologias e produtos decorrentes do acesso ao patrimônio genético brasileiro e aos conhecimentos tradicionais associados: estudo dos recursos informacionais relativos à Mata Atlântica. Questão, 29, e-130145. DOI: https://doi.org/10.1590/1808-5245.29.130145.

Santos, C. V. D., Silva, F. M. E. & Faria, L. I. L. D. (2023). The Brazilian Atlantic Forest genetic resources in patents and the challenges to control the economic use of biodiversity. World Patent Information, 74, 102218. DOI: https://doi.org/10.1016/j.wpi.2023.102218.

Santos, J. C. F. dos. (2019). A ciência aberta e suas (re)configurações: políticas, infraestruturas e prática científica [Tese de doutorado]. São Paulo: Universidade Estadual de Campinas. Disponível em: https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/1083089.

Scheliga, K. & Friesike, S. (2014). Putting open science into practice: A social dilemma? First Monday, 19(9). DOI: https://doi.org/10.5210/fm.v19i9.5381.

Silva, F. C. C. D. & Silveira, L. D. (2019). O ecossistema da Ciência Aberta. Transinformação, 31, e190001. DOI: https://doi.org/10.1590/2318-0889201931e190001.

Silveira, L. D., Ribeiro, N. C., Melero, R., Mora-Campos, A., Piraquive-Piraquive, D. F., Uribe-Tirado, A., Sena, P. M. B., Polanco-Cortés, J., Santillán-Aldana, J., Silva, F. C. C. D., Araújo, R. F., Enciso-Betancourt, A. M. & Fachin, J. (2023). Taxonomia da Ciência Aberta: revisada e ampliada. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, 28, 1-22. DOI: https://doi.org/10.5007/1518-2924.2023.e91712.

Tsipouri, L., Liarti, S., Vignetti, S., & Martins-Grapengiesser, I. (2025). The Economic Impact of Open Science: A Scoping Review. MetaArXiv. DOI: https://doi.org/10.31222/osf.io/kqse5_v1.

UNESCO (2021). Recomendação da UNESCO sobre Ciência Aberta. DOI: https://doi.org/10.54677/XFFX3334.

Vicente-Saez, R. & Martinez-Fuentes, C. (2018). Open Science now: A systematic literature review for an integrated definition. Journal of Business Research, 88, 428-436. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2017.12.043.

Downloads

Publicado

2025-09-30

Como Citar

Nogueira Galvão Pereira, B. (2025). Ciência aberta na América Latina: Propostas de adaptação crítica frente às assimetrias globais. Revista Iberoamericana De Ciencia, Tecnología Y Sociedad - CTS. Recuperado de https://ojs.revistacts.net/index.php/CTS/article/view/976

Edição

Seção

Artigos